De pouco um Tudo!

Mamãe abre o voto

Felipe d’Avila, aliás, fez mais do que ganhar pontos, ganhou eleitores por Santa Catarina. Minha mãe é um deles. Atenta a todas as entrevistas e declarações de presidenciáveis neste período eleitoral, minha mãe foi taxativa e o diálogo a seguir reproduz fielmente a cena:

– Vou votar neste Felipe d’Avila! De todos estes nomes aí, foi o melhor que eu vi.

– Ótimo, mãe, é isso aí, precisamos votar com consciência em quem realmente nos representa. Se você gostou do que ele falou e confia que fará uma boa gestão, vota nele, sim!

Depois de um breve silêncio, minha mãe dirige a palavra ao meu pai, que acompanhava a conversa com desinteressada atenção:

– Teu filho tá falando sério ou ele tá rindo da minha cara, pai?

Juro que me esforcei para assegurar que eu estava falando sério, mas acho que ela não se convenceu. Felipe d’Avila tem mais poder de convencimento sobre a minha mãe do que eu!

Na mosca

Não vou lembrar exatamente da expressão usada por Felipe d’Avila, mas o conceito é este: “Está na hora do eleitor parar de votar no menos pior e começar a votar no melhor”. Na mosca! É exatamente o que eu penso. Nós somos convencidos de que nosso voto precisa ser “útil”, e acabamos votando em quem não nos representa só para não ver no poder outro cidadão que também não nos representa. Quanta gente votou no JM só pra não ver o pessoal do Moluscão no poder e agora vai votar no Moluscão só pra tirar JM do poder? Isso não faz nenhum sentido, é a dança das cadeiras das nulidades.

A falácia do “voto útil” é de uma inutilidade atroz. Você precisa votar em quem te representa, especialmente em primeiro turno! Quanto mais votos a pessoa que você considera mais apta a exercer o cargo público receber, maior será seu capital político, que será decisivo em algum momento. Votar no “menos pior” só pro “mais pior” não ganhar é covardia, burrice e só ajuda a sustentar os toscos no poder. É só perceber quem são os defensores do “voto útil” pra entender qual é a jogada!

É como no futebol: seu time perdeu três pênaltis, meteu 12 bolas na trave e o goleiro adversário fez 25 defesas milagrosas e o teu time perdeu por 1x0 e o adversário foi o campeão. Na história, a única informação que fica é: “time A” venceu por 1x0 o “time B” e foi campeão. Basta assistir novamente à derrota do Brasil diante da Argentina na Copa do Mundo de 1990, na Itália. O Brasil amassou a Argentina e perdeu o jogo. Alguém lembra do “amasso”? Não, mas ninguém esquece da derrota que nos mandou pra casa mais cedo! Pois é, com o “voto útil” é a mesma coisa: votar em um inútil só pra tentar ser útil só vai fortalecer a contagem de votos do inútil. E isso não tem utilidade nenhuma no jogo da democracia!

Em tempo

Estão reclamando que eu reclamo muito dos “ceguidores” dos pets, os políticos de estimação de trouxas que andam polarizando a eleição presidencial. Pois eu quero afirmar aqui que eu concordo com os dois lados ceguetas neste debate: um odeia o outro, e eu também; odeio os dois!

Falta gente pra trabalhar

Converso com pessoas responsáveis por selecionar trabalhadores para empresas e é uma choradeira sem fim! Não existem pessoas qualificadas disponíveis no mercado; quando tem qualificação, não tem vontade de trabalhar. “Todos querem um salário, mas ninguém quer trabalhar pra ganhar o salário”, reclamam os analistas de recursos humanos.

Eu acho que poder público e empresas precisam se unir para criar programas de qualificação profissional sérios, exigentes, rigorosos, que preparem de fato os profissionais para o mercado de trabalho, mesmo em funções teoricamente “menos complexas”. Uma empresa com uma operação extremamente simples, zero de complexidade, demorar pra abrir suas portas porque não consegue contratar um profissional que minimamente atenda aos requisitos mais básicos é inadmissível! Especialmente em Santa Catarina, um estado com IDH consideravelmente maior, em comparação com outros estados do país. Se nem aqui no paraíso se acha mão de obra decente, imagine no inferno de outras paragens!